No quarto dia da guerra entre Israel e Irã, cresce a expectativa internacional em torno do papel que os Estados Unidos devem desempenhar. Pressionado por alas opostas do Partido Republicano, o presidente Donald Trump ainda não definiu uma posição clara quanto ao envolvimento direto no conflito.
A principal dúvida gira em torno de uma possível intervenção militar americana: os EUA irão apoiar Israel com bombardeios para desmantelar o programa nuclear iraniano ou continuarão atuando apenas no suporte ao sistema defensivo israelense?
Logo após o ataque inicial israelense, ocorrido na última quinta-feira (12), o governo dos EUA fez questão de afirmar, por meio de comunicado do secretário de Estado, Marco Rubio, que a ação foi unilateral e sem participação direta dos norte-americanos. Ainda assim, Trump declarou ter sido informado previamente e chegou a sugerir que teve influência na decisão: “Não foi um aviso. Foi: sabemos o que está acontecendo”, disse.
Enquanto Israel vinha se preparando há meses para a ofensiva, os EUA buscavam um acordo diplomático com Teerã para interromper o desenvolvimento do programa nuclear. No entanto, as negociações já estavam enfraquecidas, e o ataque — que matou cientistas e comandantes iranianos, incluindo o principal negociador do país — praticamente encerrou qualquer possibilidade de retomada do diálogo. O Irã, em resposta, afirmou que não retornará à mesa de negociações sob ataque.
Dividido internamente
A postura ambígua de Trump reflete a divisão dentro do próprio Partido Republicano. De um lado, líderes tradicionalmente pró-Israel defendem apoio militar direto. “Se for necessário fornecer bombas, forneça bombas. Se for necessário voar com Israel, voe com Israel”, disse o senador Lindsey Graham, da Carolina do Norte. Para ele, a maioria dos republicanos endossa o uso da força para conter a ameaça iraniana.
Por outro lado, a ala mais radical ligada ao movimento MAGA — base fiel de Trump — prega o isolacionismo e rejeita qualquer envolvimento externo. “Qualquer um que defenda a entrada dos EUA na guerra entre Israel e Irã não representa o movimento America First/MAGA”, afirmou a deputada Marjorie Taylor Greene, da Geórgia.
Estratégia em risco
Trump tenta manter uma postura de neutralidade ativa, apostando que o desgaste da ofensiva israelense possa enfraquecer o Irã e forçá-lo a retomar as negociações em termos mais favoráveis. No entanto, a intensificação dos ataques iranianos, com mísseis atingindo cidades israelenses, pode mudar esse cenário rapidamente.
A hesitação do presidente, em meio a sinais contraditórios, revela o dilema central: sustentar a imagem de pacificador, evitando uma guerra de grandes proporções, ou manter o compromisso histórico com Israel, seu principal aliado na região. Se a aposta diplomática falhar, Trump pode se ver sem saída — forçado a entrar em um conflito que tentou evitar.
0 Comentários