O Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou nesta quarta-feira (23), na Asa Sul, o primeiro hotel social da capital, voltado ao acolhimento de pessoas em situação de rua. A unidade tem capacidade para 200 pernoites diários e é pioneira no país ao oferecer também abrigo para animais de estimação dos hóspedes. O investimento anual será de R$ 7,4 milhões, com contrato inicial de cinco anos, prorrogável por igual período.
A iniciativa, segundo o governador Ibaneis Rocha, representa uma mudança de paradigma no atendimento à população em situação de rua, oferecendo mais do que abrigo: garantindo dignidade. “Temos um governo comprometido com a inclusão. Este hotel social é mais uma etapa da política que iniciamos em 2019 para devolver dignidade a quem mais precisa”, afirmou.
O espaço funcionará das 19h às 8h, com oferta de jantar, café da manhã, banho quente e estrutura adaptada. A administração ficará a cargo de uma Organização da Sociedade Civil (OSC). A estrutura física já existia, mas passou por reforma para se adequar ao novo uso.
Transporte, acolhimento e espaço para pets
Para facilitar o acesso, o GDF oferecerá transporte gratuito até o hotel, com ônibus saindo da Rodoviária do Plano Piloto e do Centro Pop, na Asa Sul. Os hóspedes poderão levar seus animais, que ficarão abrigados no canil do hotel.
“Esse projeto não é apenas uma transferência de local. É uma porta de entrada para políticas públicas, para que essas pessoas possam sair definitivamente das ruas”, explicou o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, que também coordena o Plano de Ação para a População em Situação de Rua.
Espaço para outras ações sociais
Durante a solenidade, a primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, destacou que o hotel também servirá como ponto de apoio para campanhas sociais, como a do agasalho. “Este espaço será usado para muito mais que o pernoite. Aqui, podemos entregar doações, oferecer cursos profissionalizantes e criar oportunidades para que essas pessoas voltem a sonhar”, afirmou.
A vice-governadora Celina Leão reforçou o simbolismo da estrutura. “Mais do que um abrigo, é um sinal de que a política pública pode ser feita com empatia e compromisso real com a transformação de vidas.”
Inclusão e acolhimento para todos os perfis
De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, o hotel atenderá também grupos minoritários e pessoas com necessidades específicas. “Temos quartos coletivos e individuais, destinados a pessoas com doenças infecciosas ou pessoas trans, garantindo acolhimento com respeito e segurança.”
Ela explicou que o hotel é uma etapa inicial do processo de reinserção social: “Nosso objetivo é que essas pessoas sejam encaminhadas para casas de acolhimento durante o dia, onde terão acesso à capacitação e oportunidades de trabalho.”
Política pública contínua
A inauguração do hotel ocorre após o encerramento do abrigo emergencial contra o frio, montado no ginásio do Cief (907 Sul), que funcionou por dois meses e realizou mais de 6,6 mil atendimentos.
O GDF estuda a implantação de novas unidades em outras regiões administrativas, como Ceilândia, Taguatinga e Sol Nascente. “Queremos descentralizar o acolhimento e criar mais espaços como este, especialmente na região Oeste, onde há grande concentração de catadores e pessoas em situação de vulnerabilidade”, anunciou o governador.
Plano inédito de ação para a população em situação de rua
O Distrito Federal foi a primeira unidade da Federação a apresentar um plano oficial após a decisão do STF que suspendeu ações de abordagem forçada a pessoas em situação de rua. Lançado em maio de 2024, o Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua vem orientando as ações de acolhimento, sob a coordenação da Casa Civil.
Desde então, diversas iniciativas têm sido implementadas em pontos estratégicos do DF, com foco na assistência continuada, inclusão social e dignidade para quem vive nas ruas.
Fonte: Agência Brasília
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