Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, critica a postura do Brasil nas negociações comerciais com os Estados Unidos após a imposição de tarifas elevadas pelo governo Trump. “O Brasil é uma economia muito protegida, com tarifas altas que limitam o acesso dos exportadores americanos. Para avançar, o país precisa mostrar reciprocidade e abrir mais seu mercado doméstico”, afirma Ramos. Apesar da alta das tarifas, ele prevê impacto econômico modesto para o Brasil em 2023, com crescimento do PIB estimado em 2,3%, e acredita que a taxa básica de juros Selic deve permanecer em 15% ao ano até o primeiro semestre de 2026.
Ramos destaca que a negociação não avançou porque as tarifas americanas têm motivações que vão além da economia, como questões políticas e regulatórias, incluindo o tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro e a regulação das big techs. “O Brasil praticamente não negociou, e precisa apresentar propostas reais para abrir seu mercado, reduzindo tanto barreiras tarifárias quanto não tarifárias, que hoje são excessivas.” Segundo ele, o impacto do tarifaço nos preços ao consumidor deve ser limitado, mas o uso do gasto público para estimular a economia pode enfraquecer o efeito da política monetária restritiva adotada pelo Banco Central.
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