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Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES |
A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou mais de 300 mensagens, áudios e vídeos em grupos de WhatsApp para tentar driblar restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O material foi compartilhado, sobretudo, durante a manifestação de 3 de agosto, em São Paulo, e incluía conteúdos contra o ministro Alexandre de Moraes e convocações de mobilização.
Segundo relatório da PF, o objetivo de Bolsonaro era utilizar redes sociais de terceiros para continuar difundindo mensagens políticas, apesar da proibição judicial. A corporação comparou a prática ao modus operandi já identificado no inquérito das milícias digitais.
Entre os conteúdos encaminhados estavam críticas às sanções da Lei Magnitsky contra Moraes, vídeos do ex-presidente dos EUA Donald Trump em defesa da “liberdade”, além de manifestações de autoridades brasileiras pedindo apoio a Bolsonaro.
Conversas com aliados
Em conversas obtidas pela PF, o deputado federal Capitão Alden (PL-BA) pediu que Bolsonaro enviasse um áudio para apoiadores em um ato em Salvador. Inicialmente reticente, o ex-presidente acabou aceitando uma ligação de pouco mais de um minuto, cujo trecho depois circulou em vídeo.
Bolsonaro também conversou com o filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em um ato no Rio de Janeiro. O episódio foi apontado como um dos motivos que levaram à sua prisão domiciliar.
Indiciamento
O relatório final da PF inclui o indiciamento de Bolsonaro e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
A investigação faz parte da Ação Penal nº 2668, em tramitação no STF, que apura a suposta tentativa de golpe de Estado entre 2022 e 2023. O processo envolve oito réus, acusados de organização criminosa e conspiração para abolir violentamente o Estado Democrático de Direito.
Movimentação financeira
Além das mensagens, a PF apontou omissões de Bolsonaro em depoimento no Inquérito nº 4.995, que investiga obstrução de justiça. O ex-presidente declarou apenas ter transferido R$ 2 milhões ao filho Eduardo, mas o relatório indica que outros repasses foram feitos, incluindo R$ 2 milhões para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em 4 de junho de 2025, um dia antes de ser interrogado pela corporação.
De acordo com a PF, essas movimentações demonstram uma estratégia para blindar recursos familiares de possíveis bloqueios judiciais.
Fonte: Metrópoles
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