De lavador de pratos a bilionário: como Jensen Huang criou a Nvidia, hoje a empresa mais valiosa do mundo

Desenvolvedora americana de chips para inteligência artificial começou sua trajetória no universo dos games

A comoção em torno de Jensen Huang durante a Computex, importante feira de tecnologia em Taiwan, ganhou até nome: Jensanity. O entusiasmo não é à toa — Huang, de 62 anos, é o homem por trás da Nvidia, empresa que se tornou nesta quarta-feira (4) a mais valiosa do mundo entre as listadas na bolsa de valores.

A trajetória do imigrante taiwanês é digna de um roteiro de cinema. De lavador de pratos nos Estados Unidos a cofundador de uma gigante da tecnologia, Huang hoje figura entre os dez homens mais ricos do planeta, com uma fortuna avaliada em US$ 124 bilhões, segundo a Forbes.

De imigrante a ícone global

Nascido em Taiwan, Jensen Huang passou parte da infância entre seu país natal e a Tailândia. Ainda jovem, foi enviado com o irmão para os EUA, onde estudou em uma instituição que funcionava como reformatório. Lá, realizava tarefas como limpar banheiros.

Aos 15 anos, conseguiu seu primeiro emprego lavando pratos em uma lanchonete — experiência que ele considera formativa:

“Recomendo que todos comecem trabalhando em restaurantes. Ensina humildade e trabalho duro”, disse Huang em entrevista.

Ele se formou em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Oregon e concluiu o mestrado em Stanford, antes de trabalhar em empresas de tecnologia. Em 1993, fundou a Nvidia ao lado de Chris Malachowsky e Curtis Priem — a ideia surgiu, curiosamente, durante uma conversa em uma lanchonete da mesma rede onde Huang trabalhou anos antes.

O que faz a Nvidia?

A Nvidia é referência global na produção de chips usados para treinar modelos de inteligência artificial, como o ChatGPT. Esses chips, chamados GPUs (unidades de processamento gráfico), são extremamente potentes e demandados por empresas como Microsoft, Google, Amazon, Meta e Spotify.

A companhia domina cerca de 80% do mercado de chips de IA de alto desempenho. Entre seus modelos mais famosos estão os chips H100, A100 e, mais recentemente, o B100 (Blackwell), que promete desempenho ainda superior.

Apesar de desenhar seus próprios processadores, a Nvidia não fabrica diretamente os chips — essa tarefa fica a cargo da TSMC, gigante taiwanesa da indústria de semicondutores.

Das placas de vídeo ao topo da IA

Antes de conquistar o mundo da inteligência artificial, a Nvidia fez história nos games. Em 1999, lançou sua primeira GPU voltada para melhorar gráficos em jogos — um sucesso que pavimentou o caminho da empresa nos anos seguintes.

Com o tempo, a empresa passou a investir também em soluções para data centers, fornecendo infraestrutura crítica para grandes volumes de dados — algo essencial na era da IA.

Suas principais concorrentes no setor de placas gráficas ainda são as americanas AMD e Intel.

Por que a Nvidia está em alta?

O crescimento explosivo da Nvidia nos últimos anos se deve, principalmente, ao avanço da inteligência artificial. Os chips da empresa são parte fundamental do treinamento de modelos complexos — como o ChatGPT, que requer cerca de 30 mil GPUs para funcionar.

O preço de cada chip H100 pode variar de US$ 16 mil a US$ 100 mil. A Meta, por exemplo, projetava ter até 350 mil unidades desses chips até o final de 2024.

Ainda que a Nvidia esteja proibida de vender seus chips mais avançados para a China — decisão tomada durante o governo Biden — empresas chinesas têm buscado alternativas. O lançamento do chatbot Deepseek, semelhante ao ChatGPT, mostrou que a concorrência asiática ainda tem cartas na manga, mesmo sem acesso direto aos chips da Nvidia.

O significado por trás do nome "Nvidia"

O nome da empresa é uma mistura criativa:

  • NV vem de "new vision" (nova visão, em inglês);

  • VID faz referência a "vídeo", conectando-se à origem da empresa com placas gráficas;

  • E o nome lembra "invidia", palavra latina que significa inveja.

Estilo e ousadia de gestão

Huang é conhecido pelo estilo direto, aparência despojada e pelas jaquetas de couro que usa em apresentações — sua marca registrada, assim como os suéteres pretos de Steve Jobs.

Defensor da “tolerância ao risco”, ele já mudou o rumo da Nvidia em momentos decisivos. Pouco depois da fundação da empresa, por exemplo, Huang decidiu abandonar um contrato promissor com a Sega para apostar em chips voltados a computadores pessoais — uma decisão arriscada que quase levou a empresa à falência, mas que acabou se mostrando visionária.

Com informações do G1

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