Haddad disse já ter conversado com o presidente Lula (PT) sobre o tema e defendeu a judicialização da medida, derrubada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal na última quarta-feira (25). O governo avalia três caminhos para responder ao revés: buscar nova fonte de arrecadação, cortar mais despesas do Orçamento ou levar o caso ao Judiciário — alternativa preferida por Haddad.
O decreto que aumentava o IOF foi anunciado no fim de maio, como parte do esforço de recomposição do Orçamento de 2025. A reação negativa do mercado levou o governo a recuar parcialmente e tentar renegociar os termos com o Congresso. Haddad chegou a se reunir com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas a tentativa de acordo fracassou. A revogação foi aprovada por ampla maioria na Câmara (383 votos a favor e 93 contra) e confirmada pelo Senado em votação simbólica.
A decisão representa a primeira anulação de um decreto presidencial pelo Congresso em mais de 30 anos.
Críticas e defesa do ajuste com justiça social
Durante a aula, Haddad afirmou não ser contrário ao ajuste fiscal, mas criticou o histórico da política econômica brasileira, que, segundo ele, penaliza os mais pobres. “Ajuste fiscal, no Brasil, é sinônimo de supressão de direitos. Quem paga a conta? O salário mínimo, o aposentado, o servidor, a periferia”, disse. E completou: “Mas, quando propomos que o dono da cobertura pague o condomínio, aí o ajuste fiscal deixa de ser interessante”.
Haddad também aproveitou para criticar o avanço de setores conservadores no país. Defendeu que a esquerda volte a apresentar um projeto de transformação social claro e ambicioso, como forma de conter o avanço das chamadas "forças obscurantistas".
“Ninguém mais fala em transformação. Quando se chama de utopia, é porque está distante, mas ela indica o caminho. Se não colocarmos em pauta um projeto ambicioso, essas forças vão continuar fazendo estragos”, concluiu.
Fonte: Metrópoles
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