O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou R$ 336 milhões em emendas parlamentares após uma reunião no Palácio da Alvorada entre os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Segundo levantamento do portal Metrópoles, os valores foram liberados em apenas uma semana, representando 5,3% dos R$ 6,3 bilhões em emendas autorizadas pelo governo federal em 2025. No total, o Orçamento deste ano prevê R$ 50,38 bilhões em emendas parlamentares, mas até agora apenas 12,6% do valor total foi efetivamente pago.
Impasses e pressão no Congresso
O atraso na liberação dos recursos está relacionado à demora na aprovação do Orçamento de 2025, que só foi aprovado no fim de março, além de disputas políticas entre os Poderes. O Supremo Tribunal Federal (STF) também fez questionamentos sobre a transparência no processo de distribuição das emendas, o que acabou travando ainda mais o fluxo de pagamentos.
A situação é tão crítica que até lideranças do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm procurado interlocutores do PT para pressionar o governo pela liberação das verbas. Parlamentares apontam que a falta de pagamentos tem agravado a relação entre o Congresso e o Executivo, gerando resistência às pautas do governo.
IOF: crise política e desgaste com a base
O desgaste foi evidenciado recentemente com a derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mesmo após o recuo do Ministério da Fazenda, que propôs uma cobrança menor. Diversos partidos da base aliaram-se à oposição para rejeitar a medida, intensificando a crise entre o Planalto e o Congresso.
Apesar de serem emendas impositivas — ou seja, de pagamento obrigatório —, o Executivo ainda controla o ritmo dos repasses, o que funciona como moeda de troca nas negociações políticas.
Governo tenta reagir
Nesta segunda-feira (16/6), o presidente da Câmara, Hugo Motta, pautou um projeto que revoga o aumento do IOF, surpreendendo a base governista. A medida foi vista como um sinal claro da insatisfação do Legislativo, mesmo após a reunião no Alvorada ter sido descrita como “histórica”.
Nos bastidores, assessores de Lula já admitem que o cenário para aprovar a MP arrecadatória que substitui o aumento do IOF é desfavorável. Dirigentes do PT avaliam que conseguirão salvar apenas parte do texto, e articulam uma estratégia de comunicação com o discurso de que se trata de uma disputa entre “ricos contra pobres”, tentando conquistar apoio popular.
Fonte: G1
0 Comentários