
O Palácio do Planalto intensificou a pressão sobre ministros de partidos do Centrão para que articulem com suas bancadas no Congresso apoio ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida é uma das principais apostas do governo federal para ampliar a arrecadação e reequilibrar as contas públicas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem encontro marcado nesta noite, às 18h, com os líderes do Congresso Nacional. O objetivo é construir um acordo que evite a votação de projetos que possam derrubar o aumento do imposto. O governo busca respaldo político para que Haddad não enfrente sozinho as resistências dentro do Legislativo.
A proposta vem enfrentando forte oposição de parlamentares do Centrão, que ecoam críticas vindas do mercado financeiro. Os opositores alegam que o reajuste do IOF pode impactar negativamente a movimentação de capitais no país, restringindo a entrada e saída de recursos.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter entregue 11 dos 38 ministérios a partidos do Centrão — como União Brasil, Republicanos, PP, PSD e MDB —, o apoio às pautas do Executivo no Congresso continua incerto. A nova configuração política, em que o Legislativo detém maior controle sobre o Orçamento, reduziu a eficácia do tradicional modelo de troca de cargos por votos.
Um exemplo dessa ambiguidade é o Republicanos. O ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), filiado ao partido, publicou neste domingo uma mensagem nas redes sociais em defesa da responsabilidade fiscal, classificando-a como “cláusula pétrea”. Ele destacou a importância da reunião liderada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como decisiva para o futuro do país.
Em conversa com a imprensa, Costa Filho negou que tenha recebido orientação direta do Planalto para defender o aumento do IOF, mas reconheceu que há um movimento dentro dos partidos de centro favorável à agenda de ajuste fiscal.
Outro ponto de tensão envolve o PP. Embora comande o Ministério do Esporte, o partido tem em seu presidente, o senador Ciro Nogueira (PI), um crítico ferrenho do governo. Ciro declarou que, se depender dele, a proposta de aumento do IOF será derrubada. No entanto, admitiu que está aberto a negociações, caso o governo esteja disposto a rever pontos do projeto na reunião desta noite.
A articulação política em torno do IOF evidencia os desafios do governo Lula em alinhar sua base, mesmo com a distribuição de cargos. O cenário atual exige mais que nomeações — demanda diálogo constante, concessões e estratégias que reflitam a nova correlação de forças entre Executivo e Legislativo.
Fonte: Metrópoles
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