Haddad anuncia parceria com os EUA contra lavagem de dinheiro e cobra votação do projeto do devedor contumaz

Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez nesta quinta-feira (27) um apelo à Câmara dos Deputados para que vote ainda em 2025 o projeto de lei do devedor contumaz, parado há sete anos no Congresso. Para ele, a aprovação é “imperiosa” para reforçar o combate ao crime organizado a partir do próximo ano.

Ao mesmo tempo, Haddad revelou que o governo brasileiro está estruturando uma cooperação com os Estados Unidos para ampliar o enfrentamento à lavagem de dinheiro e ao tráfico internacional de armas. A Receita Federal prepara um dossiê com fotos, vídeos e evidências sobre as rotas de entrada de armamentos ilegais no Brasil, que será enviado ao governo de Donald Trump.

O ministro citou investigações envolvendo fundos sediados em Delaware usados para operações de lavagem: valores saíam do Brasil, eram movimentados por empresas e fundos no exterior e retornavam simulando investimento estrangeiro. Um dos esquemas teria movimentado R$ 1,2 bilhão. “É fundamental termos cooperação internacional”, afirmou.

Haddad destacou ainda o objetivo de firmar um acordo formal com os EUA para impedir que armas e componentes cheguem ilegalmente ao país. “Vamos encaminhar provas de como essas cargas entram em contêineres que saem de lá”, disse.

Operações e prejuízos bilionários

O ministro também comentou a Operação Poço de Lobato, desdobramento da Carbono Oculto, que investiga lavagem de dinheiro, sonegação e evasão de divisas. Segundo ele, o grupo econômico alvo da operação movimentou mais de R$ 70 bilhões no último ano, com R$ 26 bilhões em impostos não pagos. No total, foram cumpridos 126 mandados em cinco estados.

Haddad defendeu a recuperação de ativos no exterior e informou que já há articulação com a Interpol e o Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele também espera que a Justiça decrete o perdimento de bens relacionados ao quinto navio apreendido com mais de 180 milhões de litros de combustível, para posterior leilão e ressarcimento à Petrobras. Segundo o ministro, o setor de combustíveis sofreu “a maior incursão do crime organizado”.

Ele agradeceu o trabalho dos Ministérios Públicos estaduais e destacou que o Rio de Janeiro deixou de arrecadar, apenas nesse esquema, o equivalente ao custo anual de manutenção de toda a força policial do estado.

Pressão sobre o Congresso

Reforçando o apelo, Haddad afirmou que o projeto do devedor contumaz é essencial para “separar o joio do trigo” e impedir que empresas utilizem vantagens ilícitas para competir no mercado. Ele disse conversar frequentemente com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e concluiu: “Faço mais uma vez o apelo ao Congresso: é essencial aprovar o devedor contumaz”.

Fonte: Jovem Pan

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